Psicoterapia On-line e a Relação Terapêutica: algumas considerações.

No Brasil, a psicoterapia on-line é uma modalidade recente. Como tem se dado a construção da relação terapêutica com o novo setting?

Shirley Oliveira

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No Brasil, a psicoterapia on-line é um fenômeno recente. Desde 2018 a prática tem sido aceita pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) como modalidade terapêutica e tem se consolidado frente às novas realidades. Vários benefícios podem ser destacados por essa prática, como a otimização do tempo, melhor adesão ao tratamento e comodidade.

Estudos sobre o tratamento em psicoterapia por meio da internet foram iniciados no final da década de 1990 e desde então, a Psicologia vem integrando novas ferramentas tecnológicas e de comunicação no processo de ampliação da atuação profissional. Em países como Austrália, Estados Unidos, China e Reino Unido, a modalidade de atendimento on-line tem sido amplamente praticada e estudada, mas foi no período da pandemia provocada pelo COVID-19 que esses serviços tiveram grande expansão.

De forma geral, a psicoterapia on-line é uma realidade crescente e a modalidade por videoconferência, em especial, tem oferecido dentro de estudos realizados nos últimos cinco anos, resultados muito promissores. A literatura, bem como as pesquisas têm se convergido e evidenciado que tanto a relação quanto a aliança terapêutica não sofrem grandes alterações em função do novo setting, o que aponta a qualidade e os resultados dentro dos processos terapêuticos. Grande parte dos estudos publicados teve a Terapia Cognitivo-Comportamental como abordagem teórica predominante, apresentando resultados efetivos em tratamentos para diversas psicopatologias, em especial, para os quadros de ansiedade.

Para quem busca por atendimentos on-line com qualidade, alguns passos são essenciais, como a utilização de equipamentos adequados - computadores com processador rápido; fones e microfones ajustados para que captem o som sem ruídos; câmeras de alta definição; conexão de internet rápida e confiável. E, aos psicoterapeutas, é importante fomentar a construção e manutenção de atendimentos humanizados, com desenvolvimento de habilidades específicas para atender às diversas demandas trazidas pelas diferentes modalidades de atendimento, possibilitando melhor gerenciamento das relações e aliança terapêutica diante do setting on-line. Para tanto, a educação contínua é uma premissa indispensável para exercer com qualidade e, dentro dos princípios éticos, a telepsicologia da melhor forma, especialmente para pacientes que não estão familiarizados com a tecnologia.

Diante do cenário, algumas perguntas permanecem: quais características individuais e competências técnicas são mais adaptáveis aos atendimentos por videoconferência? Quais fatores contribuem para melhor adesão do paciente a essa modalidade de tratamento? Nesse sentido, é muito importante a produção de sistemáticos estudos adaptados ao contexto brasileiro que tratem acerca da construção da relação e aliança terapêutica, que identifique os principais benefícios alcançados em tratamento, bem como a verificação e compreensão das peculiaridades que envolvem a prática da terapia on-line.